Aliando características nacionais com tecnologia internacional, a Lamelar comercializa painéis autoportantes em madeira para estruturar e vedar os ambientes num único processo construtivo.
A ideia nasceu em uma aula no curso de Engenharia Florestal do CAV-UDESC em 2016 e o objetivo seria construir painéis de pré-fabricação, utilizando a técnica lamelada da madeira cruzada de forma prática, aliando qualidade e sustentabilidade.
Após isso, o projeto foi inscrito no Sinapse da Inovação em 2017 e, juntamente com mais 10 empresas, eles foram aprovados. Hoje a startup está vinculada ao Orion Parque Tecnológico.
Com um mercado promissor, o bolsista Romeu Lucena e mais 3 alunos saíram em busca de conhecimento e descobriram que a principal matéria prima da empresa – o pinus – está presente na Serra Catarinense.
De acordo com pesquisa, Santa Catarina possui território de 646 mil hectares de florestas plantadas, sendo 83% pinus. É o segundo Estado com maior área dessa espécie no Brasil. No setor florestal, são quase 5 mil empresas responsáveis pela geração de 90,6% dos empregos diretos. Dentre os produtos destas empresas estão papel e celulose, móveis de madeira e madeira cerrada para construção de telhados.
Confira nosso bate-papo com Romeu Lucena, bolsista da empresa Lamelar
Sustentabilidade
\”As florestas são fontes renováveis, gerando madeira aqui de fazendas da região. Além disso, a madeira não libera carbono, diferentemente do concreto e do aço, que liberam gases pesados durante a construção\”
Vantagens
\”Por conta da pré-fabricação, pode ser construída em dias de chuva e exige de menos mão de obra. Uma casa, por exemplo, quando estiver com a base pronta, pode ser construída em até um mês.\”
É possível construir prédios com madeira cerrada?
\”É sim, com essa nova técnica podemos usar madeira laminada colada cruzada (CLT). Ao longo dos anos, estudos mostraram que o CLT é tão resiste quanto aço e concreto, tornando-se um facilitador na hora da construção, sem contar que é mais barata, limpa, silenciosa e sustentáveis que as estruturas tradicionais.\”
Quais são as vantagens destes painéis pré-fabricados?
\”Sempre damos como exemplo as catástrofes ocorridas nos últimos anos, aqui em Santa Catarina: o tornado que atingiu Xanxerê no Meio Oeste. Se tivessem usado os painéis pré-moldados, em poucos dias a reconstrução seria mais eficaz. Durabilidade superior a 15 anos.\”
Já existe estudos para fabricação destes painéis?
\”Sim, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), por meio do Centro de Ciências Agroveterinárias, foi criado o projeto CLT, que pesquisa e realiza estudos sobre a melhor forma de usar o CLT. Os painéis de pinus, que hoje são comercializados, foram adquiridos na região da Serra Catarinense e produzidos na universidade.\”
Como acontece o processo de fixação da madeira?
\”Acontece em três camadas de madeira sobrepostas de forma cruzada. Na primeira, são cinco tábuas no sentido longitudinal. Na segunda, quatorze tábuas no sentido transversal e na última, com cinco tábuas no sentido longitudinal. Elas são coladas utilizando adesivo de poliuretano e depois prensadas.\”
De que forma o Orion contribuiu para o desenvolvimento da Lamelar?
\”Nós, da Lamelar, temos uma bagagem mais técnica do que empresarial. Por isso, estar no Orion nos proporciona aprimorar estas questões por meio de mentorias, reuniões e conversas de corredores. Participamos também do OrionLab e os encontros trimestrais e avaliações nos qualificam ainda mais. O mundo do empreendedorismo é fascinante!\”
Qual o maior desafio?
\”Fortalecer a comercialização. Para que isso ocorra, precisamos sair da UDESC e caminharmos sozinhos. Estamos planejando e no momento certo vai acontecer. A motivação da empresa está aliada tudo.\”
Recentemente a Lamelar participou do Construtech Meeting, em São Paulo. O evento tratou de ideias inovadoras para a construção civil